ENFRENTANDO O CÂNCER DE MAMA COM BOM HUMOR

O câncer ainda é uma doença que assusta, mas é preciso vê-lo como uma oportunidade de fazer mudanças na vida. A morte é certa para todos, porém o momento é incerto. Uma pessoa com câncer pode sobreviver a outras saudáveis que de repente são surpreendidas com um A.V.C, um ataque cardíaco, um tiro de revolver, um acidente…como infelizmente, eu pude vivenciar durante meu tratamento.

Quando descobri o câncer não pensei “por que comigo?” Mas pensei: “por que só com os outros, né ?”

Não pensei: “o que eu fiz de errado pra merecer isso?” Mas pensei: “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” .

TERCEIRO ANO DE REMISSÃO

Uh! Uh! Vencida mais uma etapa. Agora são só mais 2 anos pra eu poder dizer: acabou oh oh oh oh ….acabou !!!!

E para animar as que estão no início de tudo, só tenho a dizer que tem sido um tempo de graça, de muito aprendizado, de muita gratidão pela vida,  pelas pessoas que conheci, conheço e venho conhecendo a cada dia, gratidão por sentir que aos poucos o corpo está voltando ao normal …. as subidas que tenho feito de bike é que estão me provando isso….kkkk, gratidão por Deus ter permitido mais um tempinho aqui na terra….kkkk.

Já contei em outros posts que nesse tempo fiz a paz comigo, aprendi a me amar com todas as minhas imperfeições, e, por consequência, aprendi a aceitar as outras pessoas como são também. Aprendi a viver o hoje, sem me remoer pelo passado sobre o que eu fiz ou deixei de fazer, porque voltar no tempo só é possível nos filmes….kkkk.. Também aprendi a não me preocupar com o futuro porque as surpresas do dia de hoje já me bastam.

Durante esse tempo de remissão veio a minha aposentadoria, que já foi uma grande alegria, pois agora tenho mais tempo para fazer coisas que me agradam como pedalar, cantar, fazer alguns cursos … etc.

Esta semana fiz os exames de acompanhamento e é sempre um suspense aguardar os resultados. Ao fazer o de abdomen total a médica perguntou se eu já tinha tido problemas no rim. É claro que respondi com outra pergunta: por quê? Tem alguma coisa errada? Kkkk. E a resposta dela foi: nada sério, depois vou analisar melhor e laudar. Pronto, bastou pra eu ficar meio tensa esses dias pensando no meu rim…kkkk. Daí vi uma cor meio escura no vaso….pronto já pensei: deve ser sangue do meu rim….kkkk. Depois lembrei que tinha comido beterraba….kkkk.

Enfim, a minha saúde está boa, nem gripe eu peguei nesse último ano de remissão; a temida Covid também não me achou, pelo menos até hoje…kkkk. e já está chegando o dia de ser vacinada.

E “si embora” pra mais dois anos, tomando o Anastrozol e enfrentando alguns efeitos da medicação, no meu caso, o principal são os problemas de fígado, mas nada que seja insuportável. E de resto é ir agradecendo todas as manhãs por mais um dia de vida, por mais um lindo pôr do sol, por uma chuva linda, pela natureza exuberante, pela lua maravilhosa, enfim….por cada detalhe cotidiano do “hoje”.

E O RELACIONAMENTO A DOIS, COMO VAI?

E O RELACIONAMENTO A DOIS, COMO VAI?

Quando descobri o câncer estava casada havia 31 anos. Já tínhamos vivido várias situações que me fazia pensar “agora acabou”: problemas financeiros, conjugais, problemas com filhos, incompatibilidade de gênios…..kkkk, mas, problemas sérios  de saúde, não.

Durante o tratamento li muitos depoimentos de mulheres que diziam que o câncer de mama tinha acabado com o casamento delas e a maioria relatava que os homens não sabiam lidar com a situação. Caramba !!!!

Comecei a fazer algumas reflexões sobre o meu caso e algumas lembranças vieram a minha cabeça:

– o dia que meu marido confessou que a primeira coisa em mim que chamou a atenção dele tinha sido os meus seios … e não tinha como ser diferente, sempre tive seios fartos e eles chegavam na frente, antes de mim….kkkk

– uma conversa que tivemos quando começamos a namorar – diga-se, com 15 anos de idade – sobre o que é que poderia terminar com o nosso amor ….kkkk, e ele disse que seria se eu engordasse….kkkk.  

– lembrei também de como ele gostava dos meus cabelos cacheados. Toda vez que eu inventava de fazer uma escova, uma chapinha, ele fazia aquela cara de quem não tinha gostado.

Pois bem, aos poucos ele me viu com metade dos seios, uns 12 quilos a mais e, depois de me ver careca, viu os meus cabelos nascerem lisos….kkkk.

É muita mudança pra pessoa assimilar, né!!!

Lembro que um dia desabafei com o meu ginecologista com quem trato desde os meus 18 anos o receio de perder o marido pela situação que estava vivendo e ele disse: e se fosse o contrário, o que você faria ? A minha resposta foi: ficaria do lado dele para o que der e viesse.

Eu sentia que precisava tentar ser pelo menos mais “legalzinha”…. kkkk.

Tive algumas ajudas nesse sentido: no primeiro ano do tratamento veio a minha aposentadoria; no segundo ano veio a hormonoterapia (bloqueador hormonal ) que entre tantos efeitos desagradáveis tem uma coisa boa: estabiliza o humor….kkkk, fiquei bem mais calma com ele; no terceiro ano veio a pandemia, cuja quarentena que foi motivo para muitos relacionamentos terminarem, no nosso caso, nos uniu mais: começamos a fazer caminhadas e pedaladas juntos, ao ar livre, competimos no jogo de baralho – buraco (tenho deixado ele ganhar quase sempre….kkkk) e rezamos mais juntos.  

E assim, estamos indo para 35 anos de casamento a ser comemorado em julho, mais amadurecidos e com vontade de continuar juntos.

AFINAL: CÂNCER È UMA DOENÇA PSICOSSOMÁTICA?

Não sei se aconteceu com vocês: quando algumas pessoas descobriram que eu estava com câncer, começaram a me enviar mensagens com aquelas indiretas, sabe: perdoe, esqueça, não guarde ressentimentos….e por aí afora … Confesso que chegava a ficar até um pouco irritada, porque me considerava uma pessoa da paz, tranquila, não tinha problemas de relacionamento com ninguém, não tinha mágoas de ninguém, não tinha raiva de ninguém….

E tem aquele outro lance também: “com a mesma medida que julgardes, sereis julgados”. Eu, sempre que sabia de alguém com câncer encontrava todos os motivos possíveis: Ah! Fulano não devia estar bem com isso, com aquilo e mais aquilo outro…..kkkk. Quando chegou a minha vez….sentia que as pessoas faziam o mesmo em relação a mim, é claro, sem me dizer nada. Era o meu julgamento.

De qualquer forma, foi um período de muitas reflexões sobre a minha vida. Fisicamente sempre fui saudável e não havia precedentes na família. No fundo eu sabia que uma doença tão séria não tinha aparecido do nada, alguma coisa não estava bem.

E me fiz mil perguntas e, como eu queria que fosse do tipo múltipla escolha….kkkkk. Seria mais fácil encontrar a resposta, mas era do tipo “dissertação” – várias perguntas num único enunciado e tinha que discorrer sobre ela de forma que tivesse início, meio e fim. E não podia zerar…..kkkk. E não podia “colar”…kkkk.

Percebia que encontrar a resposta era fundamental para a minha cura, e que a situação exigia uma mudança. Do quê? Era outra resposta que deveria encontrar.

E eu descobri que eu tinha um problema sério com uma pessoa. E essa pessoa era quem? Euzinha. Melhor dizendo: “eu” zinha…..kkkk

De início, descobri que eu não aceitava ser imperfeita, não aceitava meus erros do passado, e para superar isso, o meio que eu encontrei foi exigir perfeição de mim mesma em tudo que fazia, e me cobrava demais porque não conseguia essa perfeição;  me criticava muito, queria dar conta de tudo sozinha, não sabia falar “não”, não queria falar “não” , não queria pedir ajuda e vivia sobrecarregada e, interiormente, reclamava de tudo e de todos, mas exteriormente, “bela viola”, queria que todos me achassem a “boazinha”; não expressava meus verdadeiros sentimentos.

Tudo que não acontecia do modo como eu planejava era culpa minha que, ou tinha feito ou não tinha feito isso ou aquilo…..Meu trabalho não me realizava mais, entretanto, não queria abrir mão da comodidade que o salário trazia a minha família.

Por quanto tempo dá pra viver assim sem adoecer? Por fim: Buuuummmm!!!!

Eu não era nem um pouco generosa comigo. Ainda bem, que deu tempo de descobrir isso e fazer as pazes com “Eu” zinha….kkkk. Hoje estamos muito bem, sim senhor…kkkk.

Há 2 anos venho fazendo um curso que se chama “Inteligência Emocional”, onde descobri outras coisas que me levaram a adoecer também, mas sempre nessa linha de não ter sido generosa comigo mesma. Tenho aprendido a viver o presente porque o passado e o futuro estão fora do meu alcance. Aliás, o passado é fonte de aprendizado e não de foco.

Como aprendi a me respeitar como sou, tenho respeitado o outro como é com mais facilidade.

Se você se identificou, o curso pode te ajudar muito e eu o aconselho. O curso é online e você pode se inscrever pelo https://celmi-escola.com.br/courses/inteligencia-emocional-a-ciencia-da-felicidade-seg-17h-profa-adriana-ugliara

CHOQUES PARA EMAGRECER

Quem teve câncer de mama, principalmente o do tipo hormonal, como é o meu caso, depois de sessões de quimioterapia, radioterapia e cirurgia, precisa continuar por 5 ou 10 anos fazendo o tratamento de hormonioterapia (bloqueador hormonal) e este medicamento engorda, incha, sei lá o quê …kkk, entretanto, os oncologistas sempre pedem pra gente controlar o peso. O meu me pediu para perder 5 quilos (eu estava com 55 quilos, para 1,52m = sobrepeso…kkk). Segundo ele, a gordura no organismo pode liberar o mesmo hormônio que provocou o câncer de mama (HER2), e desse modo, mesmo usando o bloqueador hormonal, a recidiva pode ocorrer simplesmente porque se está gorda, melhor, “gordinha”, (soa melhor, né…kkk).

E pra mim, esses 3 primeiros anos tem sido uma luta x o peso: e corta açúcar, e corta álcool, e corta glúten, e corta lactose, e come gengibre, e come canela, e faz academia, e faz caminhada, e baixa o aplicativo de 6 mil passos – daí inflama o tendão – pára de andar – faz fisioterapia – não melhora nada – vem pandemia – fecha academia …. e sabe o aconteceu? Ao invés de perder os 5 quilos que o oncologista pediu, engordei mais de 8 quilos (fui parar em 63,700 quilos….) . Puts …nem grávida eu cheguei neste peso.

Agora, resolvi tomar choque….kkkk. Estou sendo eletrocutada …..kkkkk

Estou fazendo eletroestimulação, que é um treino de força ou aeróbica, de no máximo 20 minutos, 1 ou 2 vezes por semana, em que se usa uma roupa especial com um colete que é conectado à uma máquina que promove uma ativação muscular intensa por meio de impulsos elétricos (choquinhos) e que equivale a 2 horas de academia. Vale ressaltar que a roupa com o colete faz eu me sentir como a atriz Paolla Oliveira na novela em que ela faz o papel de policial…kkk. Só falta a arma de fogo….kkk.

Resumindo, é uma “tortura” que acaba logo …. kkkk. Saio de lá como se tivesse feito 2 horas de academia meeeesmo….kkkk. Às vezes fico pensando se não tem perigo de ser eletrocutada mesmo, porque junta suor com eletricidade e mais o calor do corpo, né …. kkkkk, mas, até agora não aconteceu isso não….kkkk. De qualquer forma, será que é melhor evitar fazê-lo em dias de temporal? kkkk.

Dois meses nesse frenesi e perdi 2 quilos. Como costumava perder 500 gramas em 6 meses…é um milagre. Entretanto, a quantidade de peso perdido nem tem sido tão importante, mas as perdas de medidas é que está me agradando, porque o corpo vai trocando massa gorda por massa magra. Eu assustei ontem, quando pus a mão na cintura e senti minhas costelas…kkkk….nem me lembrava mais delas….kkkk… até as cumprimentei: nossa quanto tempo que não sentia vocês….kkkk.

Meu metabolismo parece que acordou com os choques…kkkk; os estímulos drenam a pele, então, as minhas celulites diminuíram, a pele está mais tonificada, o organismo todo está mais forte, até sarou o problema da inflamação do tendão …. kkkk., com certeza porque os músculos estão sendo fortalecidos. E a descarga elétrica deixa a gente mais calminha também….kkkk.

Importante: ganhei disposição, que é outra coisa que o bloqueador hormonal tira da gente, acabou aquele cansaço sem fim que me fazia ficar naquele ciclo vicioso: tô cansada, então não faço exercício, não faço exercício porque tô cansada….kkkk.

Resumindo, apesar do cansaço do exercício, me sinto menos cansada que antes, tanto que voltei a fazer caminhadas e a pedalar.  

Então, se você também está nessa situação, vai tomar choque….kkk

OBS: se você é de Jundiaí ou região próxima: segue o link de onde faço, se você é de outro lugar, pesquise na sua cidade, com certeza também vai ter. https://www.instagram.com/stimullus_/?hl=pt-br – eles estão com promoção pro dia das mulheres.

PEDALANDO PRA DESINTOXICAR

Eu fui bem ingênua de pensar que os efeitos da quimioterapia e da radioterapia terminariam com o encerramento das sessões. Isso não é verdade, existem os efeitos tóxicos a longo prazo, e percebo isso no meu fígado e estômago sempre enjoados, no metabolismo lento, na pele ressecada, na memória e concentração falhas, nas constantes alterações de humor, no hálito (diga-se mau hálito), na sensibilidade dos dentes (que nem o creme dental sensodine resolve… kkkk), inchaço na gengiva e no abdômen, no rosto….enfim …. a lista de efeitos tóxicos é enorme.

Daí, que tomei uma atitude séria de me desintoxicar, botar pra fora essas toxinas que não me pertence e voltei a fazer o esporte que eu mais gosto que é pedalar.

Depois de três anos de tentativas, desculpas, medo de cair e estourar a prótese, resolvi retornar e pedalar com cuidado e convidei o anjo da guarda pra me acompanhar….kkkk.

Entrei num grupo de pedal iniciante só para meninas, mas os agregados (homens) podem acompanhar, afinal eles são sempre muito úteis quando a corrente sai da correia, quando fura um pneu, etc….kkkk

Apesar de não curtir muito pedalar, meu marido me acompanhou, já que o convenci de que era um pedal fácil, para iniciantes….kkkk

No primeiro pedal fizemos cerca de 36 km e no meio do caminho tinha uma subida …. tinha uma subida “enorme” no meio do caminho …. kkkk daquelas que faz você pensar: por quê que eu tô aqui fazendo isso? Kkkkk. Mas, depois vem a descida e você se lembra: ah! é por causa disso….kkkkk.

Mas, neste passeio de estréia aconteceu uma coisa interessante: enquanto fazia a “baita” subida naquele sofrimento, eis que me ultrapassa uma senhora (mais velha que eu) numa performance e velocidade incrível. Não resisti e fui lá perguntar o que ela tinha tomado de café de manhã, porque eu ia tomar também….kkkk. Adivinha? Ela estava numa bicicleta elétrica. Eu não acreditei, não dava pra perceber nada de diferente na bike, a não ser um quadradinho na parte de baixo. Meus olhos brilharam de emoção com aquela possibilidade. Daí, um ciclista, daqueles fervoroso, inconformado me disse assim:

– por favor, a bicicleta elétrica tira todo aquele desafio de você vencer o seu próprio limite físico e ir além das suas possibilidades. Fazer subidas difíceis é provar pra si mesmo que você é capaz de ir além. Não caia nessa não.

Eu, toda suada e ofegante com aquela “dita” subida, respondi a ele: “ viu, eu já passei dessa idade de provar qualquer coisa pra mim mesma ou pra quem quer que seja….kkkk, não quero saber de ir além do que eu posso não….kkkk.

Pois é, pra mim, o que desintoxica nas pedaladas é aquela sensação de liberdade nas descidas e, nas retas, encantar-me com a natureza ao redor, onde vejo inúmeras espécies de borboletas voando sobre flores de todas as cores, onde ouço o barulho de água correndo em algum lugar, onde talvez estejam os diferentes passarinhos que cantam sem parar, onde o cheiro delicioso dos eucaliptos, dos ciprestes e das flores entram pelas minhas narinas e chegam ao meu pulmão, enfim, onde todos os 5 sentidos do meu corpo são aguçados e desintoxicam meu organismo por inteiro. (Falei bonito agora, ehm….kkkk)

Se alguém souber de uma bicicleta elétrica com um bom preço, por favor, me avise que eu quero….kkkk

E você? O que tem feito pra se desintoxicar. Conta aí.

PLANOS PARA 2021?

É quase impossível pra mim começar um novo ano sem pensar em coisas que eu gostaria de fazer durante ele. É claro que a cada novo ano, com muito passado, menos futuro e mais presente….kkkk, os planos diminuem. São planos a curto prazo….kkkk.

E, em dezembro de 2020 tinha feito o último exame do ano que era uma ressonância magnética das mamas. O resultado sairia no dia 28.12, e, que bom, porque começaria o ano sabendo se tudo estava bem e poderia me planejar melhor. Porém, no dia em que sairia o resultado me ligaram do laboratório e uma voz feminina bem doce e parecendo ser de uma jovenzinha me disse:

– Senhora Juceli, deu um probleminha no seu exame e precisaria refazer uma parte dele, para que a médica possa fazer o laudo.

E eu: – Você poderia me dizer que tipo de problema?

– Uma imagem na parte das axilas deixou a doutora em dúvida na hora de laudar.

– Dúvida sobre o que ? (kkkkk)

– Isso eu não sei dizer, mas talvez a axila tenha ficado com algum restinho de hidratante ou a senhora acabou se esquecendo e passou desodorante na noite anterior, e então não ficou legível.

– Eu tenho certeza que não passei desodorante e nem creme…..kkkk

– Bem, senhora, de qualquer forma, precisamos refazer o exame. A senhora pode vir hoje?

Pensei comigo: Vixi, pra ele me pedir pra refazer “hoje”, a dúvida deve ser séria….kkkk. E é claro que fui e com a cabeça a mil por hora. Ai, ai, ai, ai, ai….

A dúvida era só numa parte, mas refiz o exame inteiro com contraste e tudo. Pensei comigo: muito esquisito isso. Questionei a enfermeira: me disseram que era dúvida só na axila e refiz o exame por inteiro? Ela respondeu: melhor refazer tudo, né?

Daí não resisti e perguntei pro técnico que fez o exame:

– Você sabe me dizer se tem alguma errada? Pode falar, que eu sou bem tranquila….kkkk

– Senhora, só a médica é que pode dizer alguma coisa.

Pelo tom da resposta, percebi que não adiantaria insistir.

Pior de tudo é que o resultado só sairia no dia 05.01.2021. Passaria o réveillon com a “pulga atrás da orelha”….kkkk. E passei, fazer o que?

Mas, graças a Deus, não era nada. O oncologista me animou, dizendo que depois de 3 anos a chance de recidiva do câncer é bem pequena e pediu pra eu ficar tranquila.

Mas eu sou bem tranquila….kkkk.  

Planos para 2021? Sobreviver …. kkkk

Foto por Olya Kobruseva em Pexels.com

ENTRE MORTOS E FERIDOS…2021 ESTÁ AÍ

Procurava um adjetivo para o ano de 2020 e encontrei esse: Que ano impensável !!!. É claro que este não foi o primeiro adjetivo que me veio à mente….kkkk. Mas, deixando a impulsividade de lado e refletindo melhor, encontrei este “impensável” e acredito que caiu bem para 2020!

Eu comecei o ano de 2020 pensando que seria um ano bom, porque sempre gostei de número par e especialmente do número “2”. Tinha uma preocupação: completar mais um ano de remissão do câncer sem recidivas. Impensável foi ter a preocupação de não pegar Covid 19.

No início foi difícil me situar entre os que estavam no grupo de risco: por causa do tratamento, por causa da idade, por causa do sobrepeso….kkkk, e o impacto foi tão grande que não peguei nem gripe!!! (deixa eu bater na madeira aqui, que ainda faltam alguns dias para 2021…kkkk).

Pra mim, 2020 também foi o ano de uma guerra interior muito grande: de um lado o eu, inimiga de mim mesma, metralhava: caramba, desde 2017 que eu estou com minha liberdade limitada pelo tratamento, cirurgias, recuperações com repousos, etc e agora essa Covid….. E, soltava bala de canhão: Consegui me aposentar ano passado com aquela euforia de que agora eu iria aproveitar pra fazer tanta coisa e, nunca fiquei tanto tempo em casa por causa dessa Covid…kkkk.

Daí, o outro lado de mim combatia: você está bem, seus filhos estão bem, sua família “enorme” está bem, até a vozinha de 95 anos está bem, seus amigos estão bem (se bem que alguns foram contagiados, mas estão bem)…pense em quem está no hospital internado, em quem está perdendo seus entes queridos sem poder sequer se despedir, em quem está se arriscando…etc…etc…então, “erga as mãos pro céu e agradeça “…. e assim foi o ano todo. Um lado de mim reclamava e o outro lado de mim agradecia. Não parece, mas isso cansa. Sinto-me exausta neste final de ano, porém, vence sempre o lado que agradece.  

Foi um ano impensável mesmo, entretanto, vem chegando o Natal – neste ano um pouco mais nostálgico, pois a gente fica sem saber direito o que fazer – ele vai acontecer de um jeito inimaginável. E depois virá o final do ano trazendo aquela esperança do recomeço, e, todo “começar de novo” é provido de uma força extra.

Entrar em 2021 será como ter participado de um vídeo game em que você ganhou “mais vida”. Será como ter participado de uma guerra em que entre mortos e feridos, você saiu caminhando com apenas alguns arranhões, já que é impossível sair de uma guerra sem ferimento algum, seja emocionalmente, fisicamente ou espiritualmente.

E, pra mim em especial, lá se foi mais um ano de remissão….Uffa!!! Não vejo a hora do novo ano começar.

Pensando bem, eu sempre gostei do número “21”….kkkk.

E você? Qual o adjetivo que você daria para 2020?

Foto por Pixabay em Pexels.com

MEU NOVO CABELO

Quem tem a minha idade deve se lembrar de uma propaganda do Shampoo Colorama que passou na década de 70 (na época, se dizia “reclame comercial”…kkk) em que a mocinha dizia: A minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos, quanta diferença…

Pois eu diria o mesmo…kkkk.

Antes do tratamento o meu cabelo era encaracolado, depois de cair tudo por causa da quimioterapia, quando começou a crescer ele ficou um bom tempo sem saber que rumo tomar….kkkk”. Não ficava enrolado, não ficava liso e eu não sabia como lidar com ele. Usava uma linha de produtos para ativar os cachos, mas parecia que ele se sentia até ofendido….kkkk. Ao invés de cachos, o “caos” ….kkkk.   

Pensei várias vezes em passar a máquina zero ou cortar bem curtinho e deixar ele crescer novamente, inclusive grisalho. Baixei um aplicativo e fiz algumas simulações E, sabendo que criança não mente, mostrei pra minha afilhadinha de 4 aninhos e pedi a opinião dela. Vejam:

Ela me olhou nos olhos e toda carinhosa respondeu: “madinha, não faz isso não, você tá bonitinha assim.” Kkkkk.

Insisti mais um pouquinho, mostrando uma foto real do meu cabelo crescendo grisalho:

Ela balançou a cabeça fazendo “não” e disse que assim eu era velhinha.…kkkk

Fiz uma consulta com uma terapeuta capilar e ela analisou com uma micro câmera que me permitia acompanhar as imagens pelo celular e explicou que normalmente um bulbo de cabelo tem 4 fios, no meu caso a maioria dos bulbos tem 2 fios, sendo um branco e um outro fio com uma cor nova de marrom, diferente da cor existente e, com uma textura bem mais fina, por esta razão ele não enrolaria mais.

Concluindo: 3 anos após a quimioterapia, o cabelo ficou fraco e sem forças para enrolar…..vai ficar liso….kkkk.   

Na hora fiquei um pouco triste, porque gostava do meu cabelo como era, mas tudo bem. Vamos respeitar a nova personalidade do cabelo, afinal, como depois de um câncer a gente não é mais a mesma, nada mais justo do que o cabelo acompanhar as mudanças, né?!

Fiz um corte para acertar as pontas e cobri os branquinhos (de 5 meses de quarentena…kkk), a pedido da minha afilhadinha….kkkk.

Agora sou uma mulher de cabelos lisos. Tem dias que acordo e dou uma ajeitadinha com a mão e pronto. Maravilha. Os cachos davam mais trabalho: acordava com o cabelo tipo uma “arapuca”, tinha que molhar as pontas,  passar creme de pentear e ir desembaraçando e amassando o cabelo para modelar os cachos.

Como diz o Eclesiastes: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.” kkkk.

E o seu cabelo? Também ficou diferente? Conta aí. Mostra o antes e o depois.

veja o antes e o depois

MENSTRUAÇÃO PRECOCE? VOCÊ PODE ESTAR EM PERIGO

Já escrevi sobre fatores de risco do câncer de mama em 2018 (https://wordpress.com/block-editor/post/enfrentandoocancercombomhumor.wordpress.com/1655), porém, todo ano nas campanhas do Outubro Rosa acabo descobrindo novos fatores de risco a que estive submetida (e nem sabia), e, quero aqui chamar a sua atenção para um fator que talvez possa ser o seu caso e daí você precisa ficar mais atenta ainda:

– ter menstruado antes dos 12 anos – acontece que a menstruação libera no sangue da mulher muitos hormônios femininos (que são os que mais causam câncer de mama na mulher) e, por começar a menstruar cedo, mais ciclos menstruais ela acabará tendo e mais desses hormônios ela estará recebendo em seu organismo na sua vida.

A minha primeira menstruação aconteceu aos 10 anos; aos 26 anos eu já tinha 3 filhos e fiz laqueadura e só parei de menstruar aos 48 anos. Minha menstruação era bem reguladinha, só começou a atrasar quando fui chegando próximo à menopausa, em que pensava que poderia estar grávida e até comprava testes de farmácia…kkkk. Vocês conseguem imaginar quantos ciclos menstruais eu tive? Mamma mia!!! E o meu câncer de mama foi do tipo hormonal – positivo para estrógeno e progesterona (hormônios femininos).

A minha mãe não teve tempo e nem coragem de me preparar para esse episódio “medoinho” da minha vida. Primeiro, porque foi precoce e, segundo, porque eu nasci no século passado…kkkk, em que as meninas e as mães das meninas morriam de vergonha até de falar a palavra “menstruação”. Lembro como se fosse hoje, de ver minha calça toda manchada e de ter ficado super assustada com aquela sangueira toda. Quando mostrei a situação pra minha mãe, quase chorando, ela disse: “é que você está ficando mocinha”. Eu, com 10 anos (imaginem?), respondi chorando: “ mas, eu não quero ficar mocinha”….kkkk.

Pior ainda foi ter que usar os absorventes daquele século, que chamávamos de “Modess”, eram enormes …..kkkkk. Na escola, ou a gente ia de saia, ou então ia de calça e falava para as amigas: “vai um pouco atrás de mim e vê se está marcando”…kkkk. Aí, a amiga (traíra) sempre respondia: “não, não dá pra perceber nada…kkkk. Mas, não tinha como não perceber aquilo, até as fraldas que os bebês usam hoje é mais fina do aquilo…kkkk.

Hoje, temos absorventes pra todo e qualquer tipo de fluxo, com abas, sem abas, etc…..kkkk, mas no século em que fiquei mocinha não tinha com aba….kkkk e era um tal de passar vergonha com vazamentos e esconder com a blusa amarrada na cintura….kkkk. E também não tinha OB, daí, bem no dia que aparecia a oportunidade de uma praia ou piscina, era o dia “D”….kkkkk.

Mas, voltando para este século. Se for o seu caso ou se a “menarca precoce” for o caso da sua filha, da sua neta, da sua sobrinha, é preciso ficar mais atenta e evitar outros fatores que possam contribuir para o aparecimento do câncer, como  uso de certos anticoncepcionais, o uso do álcool, em especial, a cerveja, que é a bebida alcóolica com mais hormônios femininos, o sedentarismo, a obesidade, a alimentação gordurosa ou com muita carne vermelha. Quem sabe, assim, você escapa das estatísticas.  

E você? Também menstruou cedo? Conta aí pra gente.

ZOMETA EM TEMPOS DE COVID

Zometa é uma medicação conhecida como “injeção de cálcio” e é indicada para quem teve câncer de mama do tipo hormonal e, após quimioterapia e radioterapia precisa continuar com um tratamento que se chama “hormonoterapia para bloquear a produção de hormônios. Este tratamento além de causar calorões, vaginite atrófica, redução da libido, irritabilidade, inchaço, cansaço, etc….causa também osteoporose ou osteopenia. E, para esses dois últimos problemas é que se toma a medicação Zometa a cada 6 meses pelo período de 5 anos.

A medicação é injetada no cateter, como a quimioterapia e causa reações que começam poucas horas depois da aplicação e que duram no máximo 3 dias e que são sintomas de resfriado forte (bem forte), com muita dor no corpo (muita, mesmo) e febre (de até 39 graus).

Na primeira vez que tomei fiquei desanimada com as reações, e olha que eu nem sou manhosa. Mas, na segunda aplicação não tive reação alguma e até perguntei se não tinham me dado “placebo”…. kkkk, quando então fiquei sabendo que a reação acontecia, geralmente, só na primeira aplicação. Uffa….que notícia boa !!!

No terceiro semestre o oncologista me dispensou de tomá-la, pois no exame de densitometria óssea os parâmetros estavam em ordem. Oba!!!!

Mas, neste quarto semestre apareceu uma pequena perda óssea no quadril e ele a recomendou novamente. Ahhhh! Seria um efeito indireto da Covid 19 ? …. kkkk

A enfermeira que fez a aplicação me assustou: disse que seria como se fosse a primeira vez, por ter ficado um ano sem tomar a medicação. De forma bem lúdica, ela explicou que a medicação colocaria soldadinhos para levar o cálcio perdido e que estaria passeando pelo sangue para o lugar de onde ele não deveria ter saído e, este caminho de volta é que produziria as dores no corpo e a febre. Concluindo: o Zometa iria cortar as asinhas de fora do safado do cálcio….kkkk.

Saí de lá já pensando em deixar os analgésicos à mão, mas, preferi não fazê-lo para não atrair negatividade….kkkk. Entretanto, deixei o marido preparado: não vai sair de casa hoje porque posso ter reação do Zometa. E ele não saiu….kkkkk. Ficamos os dois de plantão….kkkk.

Depois veio uma dúvida: e se eu pensar que é reação do Zometa e for a Covid? Porque os sintomas são bem parecidos. Mas, daí lembrei que na reação do Zometa não existia a perda do paladar. Beleza. Fiquei mais tranquila. Na dúvida era só comer alguma coisa e ver se ainda tinha gosto…kkkk.

E daí fiquei naquele suspense, reparando se a dor estava chegando, se a temperatura estava subindo ….. kkkk. E o dia passou, dormi e acordei sem nada, nadinha….Uh! Uh!   

Ah! Como é bom quando você espera pelo pior e acontece o melhor, né ?!  E você? Já passou por esta situação de esperar o pior e acontecer o melhor? Conta aí.